
Legenda da Foto: O tipo de construção é de pau-a-pique,ou casa de taipa, que consiste em um tipo de habitação construída com matéria-prima local como a madeira, a taquara, o barro e o cipó.
A comunidade rural de Campo Alegre de Baixo, situada cerca de 15 km da sede do município de Nossa Senhora do Livramento, tem um atrativo a mais para comemorar. Ela ganhou o Centro de Memória da Rapadura Salustiano Moraes. A inauguração aconteceu na última sexta-feira (17/12), e reuniu familiares do agraciado Salustiano, outras dezenas de pessoas e representantes de Poderes envolvidos na construção do Centro, como IFMT – Campus Cuiabá, e Prefeitura de Livramento, através das secretarias: de Desenvolvimento Rural e Cultura e Turismo.Os vereadores Renan Miranda, Leila Mello e Manoel Gonçalo (presidente da Mesa do Legislativo papa-banana), também prestigiaram o evento.
De acordo com as narrativas dos representantes do IFMT, o Centro de Memória é o resultado de três anos de trabalhos, iniciados com um projeto de extensão no IFMT – Campus Cuiabá Octayde Jorge da Silva em 2018/2019, sendo continuados com a colaboração de pesquisadores/docentes e alunos voluntários.
O Centro de Memória da Rapadura: preservando o saber e a memória do lugar – Campo Alegre de Baixo foi aprovado pelo edital 05-2020 da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) com o apoio da Lei Aldir Blanc.
A construção desse espaço tem como objetivo preservar o saber/fazer da rapadura ainda muito ativo na comunidade, além de manter vivas as memórias afetivas que perpassam esse fazer e que correm o risco de e perderem no tempo. Foi pensado juntamente com os moradores da comunidade, o tipo de construção outrora prevalecente na localidade, a casa de pau-a-pique, ou casa de taipa, que consiste em um tipo de habitação construída com matéria-prima local como a madeira, a taquara, o barro e o cipó. Todo o processo de construção contou com a participação da comunidade, desde a discussão do projeto inicial até sua finalização; na coleta dos materiais construtivos nos arredores (palha, barro, madeira, entre outros.); na doação de objetos que compõem o acervo do museu; na alimentação para a equipe; enfim, a comunidade esteve sempre presente na execução do projeto.
O acervo do centro de memória consiste de artefatos e fotografias que registram o cotidiano e a memória coletiva dos seus habitantes, bem como utensílios utilizados no processo produtivo tradicional da rapadura como cocho, tacho, fornalha; produtos derivados da rapadura: melado, furrundu (doce de rapadura com mamão e cravo-da-índia) e outros doces; e artesanatos produzidos pelo bagaço da cana-de-açúcar (resíduo resultante da moagem da cana).
Segundo seus idealizadores, o Centro de Memória da Rapadura passa a ser uma forma de fomentar o turismo de experiência pautado na consciência ambiental, no sentimento de preservação da memória do saber/fazer e valorização da cultura local, além de contribuir para a manutenção dos jovens na comunidade pela ampliação das oportunidades de emprego, para geração de renda por meio da venda direta dos produtos e derivados (doces, rapadura, caldo de cana, etc.), artesanatos, já que pela comunidade transitam várias pessoas, é rota de ciclistas, que podem ali tomar seu café da manhã ou lanche da tarde.